Surf!
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Histórias de carinho: surfista usa o esporte para ajudar crianças autistas

Depois de lidar com o autismo na família, o californiano Izzy Paskowitz largou tudo para se dedicar a uma fundação que faz mais que ensinar o surfe: traz de volta sorrisos em crianças que necessitam de muito carinho e cuidados especiais


Com muito carinho e dedicação, Izzy ensina surfe para crianças autistas

Com muito carinho e dedicação, Izzy ensina surfe para crianças autistas

A personagem Linda da novela “Amor à Vida”, interpretada pela atriz Bruna Linzmeyer, vem trazendo à tona o tema do autismo; um transtorno de desenvolvimento que faz com que a pessoa, desde criança, se isole e embarque rumo a um universo próprio e desconhecido. Mesmo parecendo viver somente em seu mundo, estas são pessoas como quaisquer outras, que merecem todo o amor, atenção e afeto dos amigos e familiares.

Carinho dentro de casa é imprescindível para lidar com quem tem autismo, mas iniciativas emocionantes de estranhos também ajudam a integrar esta pessoa à sociedade. Conheça a história do californiano Izzy Paskowitz que, com muito carinho e dedicação, vem ensinando crianças autistas a saírem um pouco de seus universos particulares através do surfe:

Era verão de 1969 em San Diego, Estados Unidos, quando Israel "Izzy" Paskowitz se apaixonou por um dos esportes mais populares do mundo: o surfe. Na época, ele tinha seis anos de idade e seu pai, o lendário surfista Dorian "Doc" Paskowitz, o colocou em sua prancha para lhe ensinar as primeiras manobras na água.

Nessa primeira experiência de Izzy, Doc já havia abandonado a carreira de médico para se dedicar integralmente ao estilo de vida do surf, junto de seus filhos e da esposa Juliette. Os Paskowitz - conhecidos mundialmente como a “primeira família do surf” - passaram, desde então, a viver uma vida nômade, evitando bens materiais em favor das riquezas intangíveis como saúde, amor e carinho em família.

Izzy, o quarto dos nove filhos, naturalmente tornou-se um surfista profissional. Ao longo de sua carreira, desbancou lendas do esporte, consagrou-se campeão do mundo e ganhou diversos títulos em campeonatos nacionais e internacionais. Sentia-se invencível e completamente realizado como atleta.

No entanto, na vida pessoal, ao lado de sua esposa Danielle, Izzy descobriu que seu segundo filho, Isaiah, havia sido diagnosticado com autismo aos três anos de idade. Na época, essa notícia foi um choque; um “baque” na vida de quem sempre sonhou que o filho seguisse os mesmos passos do pai e de toda a família. Por um tempo, Izzy começou a viajar muito para fugir da realidade e não ter que lidar com a condição do pequeno Isaiah.

Essa situação mudou em uma competição de surfe no Havaí, que inspirou Izzy a fazer o maior e mais gratificante gesto de carinho com o seu filho. Depois de um acesso de raiva incontrolável, um dos sintomas do autismo, Izzy levou o menino para o mar e eles remaram juntos na mesma prancha, assim como seu pai, Doc, havia feito quando ele ainda era um garoto.

Isaiah, então, ficou calmo, sereno e descontraído. Ali, na água, tornou-se um menino como qualquer outro, realizando o sonho de aprender a surfar igual ao pai. A expressão nos rostos de pai e filho não escondia suas emoções: eles estavam genuinamente felizes!

A partir desse momento mágico, Izzy e Danielle resolveram criar a “Surfers Healing”; uma fundação dedicada a expandir os horizontes de crianças com autismo com a ajuda do surfe. Hoje, com o sucesso da iniciativa, eles atendem mais de três mil crianças por ano, que sentem a mesma calma e alegria que Isaiah sentiu na primeira vez que entrou no mar para surfar.

“Eu não estou fazendo isso para encontrar uma cura”, disse Izzy em uma entrevista. E completou: “mas eu sei que agora eu posso surfar ondas com crianças autistas e não cobrar um centavo por isso. Com certeza, esses são os melhores dias da minha vida”.