Autismo de 0 a 100 tudo o que você precisa saber
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Capitulo Um

Pra entender o que é, precisamos entender de onde surgiu...

Ajudaram-me nesta pesquisa os relatos de Giovanna Ferro(mãe de gêmeas autistas e ativista na causa e Dr.Fernando Gustavo Stelzer (Neurologista - cadernos Pandorga do Autismo) ;

Os relatos sobre Autismo na antiguidade são escassos, uma vez que o diagnóstico até algumas décadas atrás se confundia a transtorno obsessivo-compulsivo, personalidade esquizóide, esquizofrenia, transtornos de humor, deficiência mental isolada. Mas sabe-se que há citações do comportamento autístico desde os Sumérios (3500 a.C - pais da escrita) ate o nosso século.

A palavra autismo tem uma das primeiras menções de origem grega através do radical “Autós” que significa “próprio” (ZAFEIRIOU et al., 2007). Clemens Benda (apud BENDER, 1959) destaca que o termo “idiotia”, de origem grega tem o mesmo significado de “autismo”, de origem latina, descrevendo uma pessoa que vive em seu próprio mundo, uma pessoa fechada ou reclusa.

O autismo foi inicialmente descrito em 1943, como veremos em detalhes mais adiante, por um pesquisador alemão, radicado nos EUA, de nome Leo Kanner. Até este momento, pouco se falava em autismo ou em outras patologias psiquiátricas na infância. Mas e antes disto, onde andavam os autistas? Alguns crêem que os antigos idiots du village, de diversas anedotas do passado, poderiam incluir diversos exemplos de deficientes mentais e de autistas. Ou será que a tensão da sociedade moderna, na qual não há condições ótimas para o desenvolvimento emocional satisfatório, teria desencadeado o aparecimento desta condição (DESPERT, 1971)?

Existem também alguns relatos de historiadores que podem ser atribuídos a Autismo em textos de antigas civilizações egípcias. As pessoas com referidos comportamentos autísticos eram mantidas nos templos como inspiração para os sacerdotes e viviam como seres sagrados e intocáveis, personificação de Deuses que não se relacionavam com os pobres mortais que não entendiam sua peculiar maneira de ser. e mereciam grandes honrarias em seus funerais.

Eu sempre imaginei que os autistas não existiam ou não eram citados nos tempos antigos e mais ainda que fossem profundamente perseguidos, essa pesquisa me surpreendeu...

Infelizmente, na idade média ou idade das trevas os autistas ou pessoas que possuíam comportamentos autísticos eram perseguidos, caçados e mortos. Muitas vezes executavam a família toda, pois acreditavam que eles eram a manifestação do demônio.

Em 1908, a educadora austríaca Heller descreveu seis crianças que apresentavam um quadro clínico muito estranho. O início dos sintomas se dava em torno do terceiro ou do quarto ano de vida, após período de desenvolvimento aparentemente normal, com mal-estar progressivo, diminuição de interesse pelo ambiente e pelas pessoas, com perda de fala e de controle esfincteriano e regressão “idiótica”1 com preservação da fisionomia inteligente e do funcionamento motor grosseiro. O termo “autismo” foi inicialmente introduzido na literatura médica por Eugen Bleuler (1857-1939), em 1911, para designar pessoas que tinham grande dificuldade para interagir com as demais e com muita tendência ao isolamento. Mesmo assim, autismo para Bleuler não tinha o significado que conhecemos modernamente. Bleuler trabalhava principalmente com pessoas psicóticas e esquizofrênicas. Seu trabalho intenso com estes indivíduos resultou na publicação de uma monografia, em 1911, sobre esquizofrenias. Neste estudo, ele propunha uma nova definição (esquizofrenia) do que havia sido anteriormente denominado de demência precoce por Kraepelin e outros (KANNER, 1971; STONE, 1999).

Quatro sinais eram indicativos desta condição, denominados de quatro “A´s”: Autismo, Associações frouxas, Ambivalência e Afeto inadequado (STONE, 1999). Bleuler falava de autismo como um distúrbio da consciência no qual há desligamento parcial ou absoluto da pessoa em relação à realidade e a vida interior (BENDER, 1959). Em 1933, Potter (apud KANNER, 1971) desenvolveu e formulou os primeiros critérios para diagnóstico de esquizofrenia infantil (ainda não se falava de autismo, especificamente), incluindo:

 (a) retração generalizada de interesses e do ambiente;

(b) pensamentos, ações e sensações desagregadas;

(c) comprometimento do pensamento manifesto por bloqueios, simbolismos, condensação, perseveração e incoerência, eventualmente se estendendo até o mutismo;

(d) defeitos dos relacionamentos emocionais;

 (e) diminuição, rigidez e distorção do afeto;

(f) alteração com comportamento, podendo incluir tanto aumento de mobilidade, com atividade incessante, até diminuição da mobilidade, com completa imobilidade e comportamento bizarro, com tendência a estereotipias,

Bom, este é um breve histórico apenas para entenderem de onde vêm tudo isso, já que minha experiência até a vinda do Tiago era que o Autismo tratava-se de algo muito raro e distante da minha realidade e que todos os autistas eram iguais ao Dustin Hoffman no filme Rain Man.